A Coleção Virtual Tokusatsu, hospedada no repositório cultural da Universidade Federal do ABC (UFABC), reúne um conjunto raro e diversificado de materiais relacionados ao universo das produções japonesas de efeitos especiais conhecidas como tokusatsu — abreviação da expressão japonesa tokushu satsuei, que significa “filmagem especial”.
O termo tokusatsu designa um gênero audiovisual caracterizado pelo uso criativo de miniaturas, trajes heroicos e efeitos práticos para retratar batalhas entre heróis e monstros, robôs gigantes e forças sobrenaturais. Desde as primeiras produções da década de 1950, como Godzilla (Gojira, 1954), o gênero consolidou-se como um dos pilares da cultura pop japonesa, inspirando gerações de artistas, cientistas e espectadores ao redor do mundo. No Brasil, séries como Jaspion, Changeman, Jiraiya e Ultraman marcaram a infância de milhões de pessoas, tornando-se parte do imaginário coletivo das décadas de 1980 e 1990.
A coleção é fruto do colecionismo do Sr. Shinji Takeshi, entusiasta e pesquisador da cultura pop japonesa, que dedicou décadas à preservação de roteiros, revistas, brinquedos, gravações, pôsteres e materiais promocionais vinculados ao tokusatsu. Seu gesto de doação à UFABC representa um ato de confiança na missão pública da universidade de valorizar, preservar e difundir expressões culturais diversas — inclusive aquelas que nasceram fora do circuito tradicional das artes e da ciência, mas que dialogam profundamente com temas como tecnologia, mídia e sociedade.
No contexto da UFABC, instituição reconhecida por sua abordagem interdisciplinar, o acervo Tokusatsu oferece um campo fértil para estudos que cruzam ciência, cultura, comunicação, história e tecnologia. As narrativas heroicas de armaduras tecnológicas, cientistas visionários e dilemas éticos entre humanidade e máquina refletem, de forma simbólica, muitos dos desafios contemporâneos que a própria universidade busca compreender.
Assim, a Coleção Virtual Tokusatsu – Acervo Shinji Takeshi não é apenas um repositório de memórias afetivas, mas um laboratório cultural e educativo, onde o fascínio pelo imaginário japonês se transforma em objeto de pesquisa, ensino e extensão, ampliando o horizonte do que pode ser preservado, estudado e celebrado dentro de uma universidade pública comprometida com a pluralidade do conhecimento.
